De tanto que estas palavras quiseram sair, nem aguentei meu aniversário chegar...
Quando nasci em 1983 um anjo, Shiva, Buda, Oxóssi ou algum ser celestial me determinou a sina de ser guerreira.
Nasceria mulher para atender o desejo da minha mãe que sonhava com uma menina, era sua quinta gestação. Quatro gestações anteriores, destas três partos prematuros - dois bebês que se foram - todos meninos.
Sonhava com uma princesinha que andaria de lacinho de fita e ligada as "coisas de menina"... E veio uma GUERREIRA! Uma menina que desafiava os adultos com uma arrogância de "gente grande" e que nunca se contentou em ser "mais uma criança". A danadinha não deixava nada no lugar, vivia desmontando tudo para ver como funcionava e querendo fazer diferente da maioria. Gostava de acordar no fim de semana e ver o Senna na Fórmula 1, assistir futebol até quando não era seu time (e comentar), São Paulina xiita que escondia o símbolo do clube entre suas coisas pois a mãe morreria de desgosto.
Morrer não morreu, mas até hoje não ter recebido a "menininha" que tanto desejava ainda é evidente...
E as batalhas começaram cedo!
Logo aos cinco anos a Meningite: a internação longe de casa, a perda dos movimentos, de alguns sonhos também... Essa deixou sequelas por dentro e por fora. Mas ora, são as cicatrizes que fortalecem guerreiras!
E assim segui a vida, larguei a cadeira de rodas, a bengala, reaprendi a andar de um jeito todo meu. Meus passos desde lá são peculiares...
E quando metade da história já se avizinhava, veio a maternidade...
Pareceu que cochilei num trecho da minha própria vida e acordei grávida, sozinha, sem casa, sem sonhos...
O que que eu fiz?
Pensei, agora tenho alguém que depende de mim. É agora que a luta fica mais intensa!
Assumi a maternidade e a paternidade. Matando dois leões por dia, "pra ter que provar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém".
Imaginem comigo: adolescente, mãe solteira, fora da escola, sem emprego e com menos sonhos ainda. O que seria dessa garota 15 anos depois?
- EU!!!!
Professora efetiva com dez anos de carreira, terminando a segunda especialização, contemplando de longe o gostinho do mestrado, com uma filha no segundo ano de uma ETEC. E, aquela que por um tempo nem andava, hoje faz vezes de bailarina e se deslumbra entre gingados e alguns oitos.
Caberiam muito mais detalhes da constituição dessa guerreira. De tantas voltas e voltas. Mas pretendo terminar por aqui. Não me considerando um exemplo, ou modelo. Apenas uma pessoa que segue procurando as oportunidades em cada perspectiva e fazendo a melhor limonada com os frutos que a vida le deu...
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