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sexta-feira, 25 de junho de 2010

Amigos...

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar...
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles...
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
                                                                        (Vinicius de Moraes)

A vocês tesouros que amo. Alicerces da minha essência OBRIGADA!!!

Paulo, me desculpe por não ter dito antes... Sentirei sua falta...

domingo, 20 de junho de 2010

Brasil e Costa do Marfim

Dessa vez não posso me abster de comentar...

Brasil e Costa do Marfim hoje foi um jogo surpreendente!!!

Depois de um início até previsível, vi o Brasil se soltar e "meu irmão Fabuloso" desencantar.
Foi The Best!!!

Vi uma Costa do Marfim  andando em campo e pouco criativa. Outra surpresa, porque tinha um povo apavorado com essa seleção.

Vi o Brasil fazer dois,  meu irmão é Fabuloso mesmo!!! Fez um gol que o fará lembrado por algum tempo. Se foi com a mão dane-se!!!
Três com um Elano categórico. 

Daí veio a maior surpresa.

Vi, infelizmente, a Costa do Marfim se mostrar desleal a ponto de tirar o Elano de campo num lance bobo e maldoso. Ninguém do mundo "copístico" esperava tanta deslealdade de um time que, por ser de origem africana, transmite alegria e encanto no futebol.

Vi um juiz passear em campo, assistindo ao jogo da seleção primeira colocada no ranking da FIFA do melhor lugar do estádio. Que na única hora em que se lembrou de ser a autoridade responsável por manter o "fair play" em campo foi para expulsar um jogador por reclamar de ser agredido e, pior, vítima de uma simulação que só engana amadores, e claro, o juiz.

Vi reclamarem do Dunga que deveria tirar o Kaká antes da expulsão, mas francamente, o juiz deixou todo o time do Brasil apanhando em campo e defendeu um atorzinho de quinta...

Vi a maioria dos jogadores brasileiros serem superiores e não revidarem a nenhuma agressão. Por que o time era Costa do Marfim, se fossem argentinos ou uruguaios duvido que seria assim.

Bem o Brasil me convenceu.

Levou o gol num lance que a falha foi típica de qualquer defesa brasileira: marcar a bola e não os jogadores.

Me preocupo com o buraco do meio campo, que pode ter perdido dois titulares de peso: o Elano que tá jogando tudo e o Kaká que serve pra prender a marcação em cima dele e deixar o Fabuloso, o Maicon  e outros livres pra fazerem gols.

Sou da seguinte opinião. Ganhou o jogo, convenceu.

É isso que vale numa disputa tão curta, onde não há tempo para resolver muita coisa...

E assim o Brasil vai... E os brasileiros, satisfeitos ou não, vão... Até a final??? De repente...

domingo, 13 de junho de 2010

Campo de Flores

Campo de flores


Deus me deu um amor no tempo de madureza,
quando os frutos ou não são colhidos ou sabem a verme.
Deus-ou foi talvez o Diabo-deu-me este amor maduro,
e a um e outro agradeço, pois que tenho um amor.
Pois que tenho um amor, volto aos mitos pretéritos
e outros acrescento aos que amor já criou.
Eis que eu mesmo me torno o mito mais radioso
e talhado em penumbra sou e não sou, mas sou.
Mas sou cada vez mais, eu que não me sabia
e cansado de mim julgava que era o mundo
um vácuo atormentado, um sistema de erros.
Amanhecem de novo as antigas manhãs
que não vivi jamais, pois jamais me sorriram.
Mas me sorriam sempre atrás de tua sombra
imensa e contraída como letra no muro
e só hoje presente.
Deus me deu um amor porque o mereci.
De tantos que já tive ou tiveram em mim,
o sumo se espremeu para fazer vinho
ou foi sangue, talvez, que se armou em coágulo.
E o tempo que levou uma rosa indecisa
a tirar sua cor dessas chamas extintas
era o tempo mais justo. Era tempo de terra.
Onde não há jardim, as flores nascem de um
secreto investimento em formas improváveis.
Hoje tenho um amor e me faço espaçoso
para arrecadar as alfaias de muitos
amantes desgovernados, no mundo, ou triunfantes,
e ao vê-los amorosos e transidos em torno,
o sagrado terror converto em jubilação.
Seu grão de angústia amor já me oferece
na mão esquerda. Enquanto a outra acaricia
os cabelos e a voz e o passo e a arquitetura
e o mistério que além faz os seres preciosos
à visão extasiada.
Mas, porque me tocou um amor crepuscular,
há que amar diferente. De uma grave paciência
ladrilhar minhas mãos. E talvez a ironia
tenha dilacerado a melhor doação.
Há que amar e calar.
Para fora do tempo arrasto meus despojos
e estou vivo na luz que baixa e me confunde.

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Outra justa homenagem a Drummond por ser brilhante e por escrever utilizando as palavras tão claras e com significados implícitos. Amo esse escritor!!!!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Oração a mim mesmo...

Que eu me permita olhar e escutar e sonhar mais
Falar menos.
Chorar menos.
Ver nos olhos de quem me vê a admiração que eles me têm e não a inveja que prepotentemente penso que têm.
Escutar com meus ouvidos atentos e minha boca estática, as palavras que se fazem gestos e os gestos que se fazem palavras.
Permitir sempre escutar aquilo que eu não tenho me permitido escutar.
Saber realizar os sonhos que nascem em mim e por mim e comigo morrem por eu não os saber sonhos.
Então, que eu possa viver os sonhos possíveis e os impossíveis;
aqueles que morrem e ressuscitam a cada novo fruto,
a cada nova flor,
a cada novo calor,
a cada nova geada,
a cada novo dia.
Que eu possa sonhar o ar,
sonhar o mar,
sonhar o amar,
sonhar o amalgamar.
Que eu me permita o silêncio das formas,
dos movimentos,
do impossível,
da imensidão de toda profundeza.
Que eu possa substituir minhas palavras pelo toque,
pelo sentir,
pelo compreender,
pelo segredo das coisas mais raras,
pela oração mental
(aquela que a alma cria e que só ela, alma, ouve e só ela, alma, responde).
Que eu saiba dimensionar o calor,
experimentar a forma,
vislumbrar as curvas,
desenhar as retas,
e aprender o sabor da exuberância  que se mostra nas pequenas manifestações da vida.
Que eu saiba reproduzir na alma a imagem que entra pelos meus olhos fazendo-me parte suprema da natureza, criando-me e recriando-me a cada instante.
Que eu possa chorar menos de tristeza e mais de contentamentos.
Que meu choro não seja em vão e que em vão não sejam minhas dúvidas.
Que eu saiba perder meus caminhos mas saiba recuperar meus destinos com dignidade.
Que eu não tenha medo de nada, principalmente de mim mesmo:
- Que eu não tenha medo de meus medos!
Que eu adormeça toda vez que for derramar lágrimas inúteis, e desperte com o coração cheio de esperanças.
Que eu faça de mim um ser sereno dentro de minha própria turbulência, sábio dentro de meus limites pequenos e inexatos, humilde diante de minhas grandezas tolas e ingênuas
(que eu me mostre o quanto são pequenas minhas grandezas e o quanto é valiosa minha pequenez).
Que eu me permita ser mãe,
ser pai,
e, se for preciso,
ser órfão.
Permita-me eu ensinar o pouco que sei e aprender o muito que não sei, traduzir o que os mestres ensinaram e compreender a alegria com que os simples traduzem suas experiências;
Respeitar incondicionalmente o ser; o ser por si só, por mais nada que possa ter além de sua essência, auxiliar a solidão de quem chegou,render-me ao motivo de quem partiu e aceitar a saudade de quem ficou.
Que eu possa amar e ser amado.
Que eu possa amar mesmo sem ser amado,
fazer gentilezas quando recebo carinhos;
fazer carinhos mesmo quando não recebo gentilezas.
Que eu jamais fique só, mesmo quando eu me queira só.
                                                                           (Recebi esse texto por e-mail sem o autor)
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Somos seres inacabados e a consciência do inacabamento é o que nos faz seguir em frente. A cada aprendizado novo uma nova etapa, um novo conhecimento e um outro caminho a trilhar...